quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Além do preconceito

O filme, Uma onda no ar, conta a história do surgimento de uma rádio comunitária em uma favela de Belo Horizonte, inicialmente pirata, que ia ao ar todos os dias no horário do programa estatal A Voz do Brasil. A comunidade passou a ouvir nesse horário então: “A voz livre do morro” que tinha como principal objetivo fazer com que as pessoas do morro tivessem voz e vez. Através do amplo alcance dos transmissores da rádio, suas ondas iam bem além da favela, consequentemente acabaram incomodando as autoridades.

Foi quando Jorge, que é negro, um dos criadores da rádio, morador da comunidade, sofreu uma perseguição da polícia e acabou sendo preso, conversando com outro detento sobre a criação da rádio embarcou então numa luta social contra o preconceito racial e para uma maior resistência cultural através de seu programa radiofônico.

Percebe-se no filme que A voz do morro prioriza realmente elementos que fazem parte da cultura afro no Brasil, desde a música dos Racionais MCs, passando pelo break, o samba, o blues, o funk, a música dos morros, até o berimbau da capoeira. A rádio passa a estabelecer também a comunicação dentro e fora da favela. Com um caráter jornalístico, fala dos problemas enfrentados pelas pessoas que moram naquela comunidade e solicita mais investimento para gerar empregos, na educação e menos dinheiro para armar a polícia, estabelecendo sempre uma comunicação direta com seus ouvintes, o que mais tarde lhe rendeu um prêmio das Nações Unidas, sendo este também, por priorizar a educação e adotar uma política de conscientização contra o uso e tráfico de drogas.

Podemos acompanhar no filme um “espelho” que reflete vários ângulos do racismo em diferentes espaços. Um deles, eu diria o principal, é inclusive na escola que Jorge estuda como bolsista, porque sua mãe trabalha como faxineira. Nessa instituição de ensino fica explicito, durante a apresentação de um seminário sobre a lei Áurea, o pensamento limitado de alguns estudantes que mostravam o fim da escravidão como a solução da exploração e exclusão de negros no País. É quando Jorge intervém e mostra sua visão expondo os pontos cruciais para a percepção de que o problema é bem mais do que parece e suas conseqüências fazem parte não só do passado, mas do agora também e provavelmente do futuro. Esse foi um dos fatores principais de inspiração para Jorge.

2 comentários:

  1. caralho! tu criou um blog!
    e ficou foi bom...

    xD rapariga! e aquele que tinha feito pra ti. Abandomou mesmo...

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  2. É isso aí!Comunicar e resistir sempre.
    Como dizemos nós, "Motinados": Mãos e corações pra transformar o mundo!

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