quarta-feira, 19 de agosto de 2009

DESABAFO!


Não perca seu tempo adoecendo. Por favor, não faça isso. A não ser que tenha plano de saúde ou algo do tipo. Assim, sim. A saúde pública na Bruzundanga (como disse Lima Barreto enfatizando a nomenclatura), especificamente no Estado conhecido por famosas praias, característica esta, que camufla a verdadeira realidade se tratando de tudo que é público, não é um recurso que recebe uma boa verba do Governo. Além disso, tem as greves, dificultando ainda mais o atendimento. Mas ninguém de fato tem culpa, ou será que tem?

Em um hospital público de nível terciário, com referência em trauma (semelhante a um ABATEDOURO), transitam indivíduos de todos os tipos. É fundamental ressaltar que na maioria das vezes esses seres humanos entram vivos, carregando no olhar a esperança de continuarem vivos. O que nem sempre acontece. Passei duas semanas, acompanhando uma pessoa que amei mais que tudo nesse hospital, ou melhor dizendo abatedouro, fiquei no corredor da emergência, pois como todo “bom” hospital público, todas as enfermarias estavam lotadas. Minha experiência no abatedouro foi das piores de minha vida.

Dona Maria urinada numa maca sem colchão. Seu João há uma semana sem tomar banho. Alguém chega, mais um cara. Supondo eu e provavelmente todos os presentes, não estava fazendo algo muito certo. Tinha uma bala na cabeça e os miolos no chão.

–PRA SALA DE RESSUCITAÇÃO!!! Gritou o médico. O cuidado foi tanto que a porta da sala ficou aberta e por infelicidade eu estava frente a ela. Mas óbvio que não conseguiram salva-lo. E assim seguia meus dias lá. Mal atendida por profissionais que tem como lema vê o paciente de forma holística (enfermeiras), à maioria das vezes ignorada por aqueles que se intitulam DEUSES, por sempre acharem que tem a cura (médicos), sendo tal adjetivo que acreditei uma parcela significativa do tempo, porém, como deixo bem claro foi só um tempo porque depois passou a ser desencargo de consciência. O que me restou foram noites passadas em claro, rezando e tentando acreditar que aquela pessoa tão amada por mim se salvasse.
Não ele não se salvou. Assim como a maioria dos que vi entrar com vida e sair sem isso que nem parece ser tão frágil. Só mais um que quando precisou dessa beleza de sistema não foi devidamente atendido. E eu também sou culpada por isso, assim como você e todo o mundo... Por menor que seja sua parcela de culpa, VOCÊ também tem CULPA, por que será? É o que me pergunto todos os dias.

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